Tenho saudades dele, sinto falta dos momentos, das aulas passadas ao lado dele, das
conversas, dos sorrisos e das gargalhadas que ele me fazia soltar.
Queria que ele estivesse aqui ao meu lado agora, queria que ele voltasse a fazer parte da
minha vida, mas infelizmente, ter saudades não é motivo suficiente para ele
voltar.
Dói saber que ele está tão perto e ao mesmo tempo tão longe, magoa saber que eu tive
parte da culpa do que aconteceu e que agora, embora queira não consigo resolver
as coisas.
Era tudo tão mais fácil com ele ao meu lado… Embora as palavras de apoio e de carinho não
fossem aquelas que eu por vezes queria, os sorrisos, as mãos dadas quando era
aula de filme, o que ele fazia e dizia para me ver sorrir, eram o mais
importante, e eu agora sei disso.
Gostava de voltar atrás, voltar a abraçá-lo quando o via, dizer-lhe bom dia quando ele
puxava a cadeira ao lado da minha para se sentar, voltar a dizer-lhe para não
roer as unhas, para estar atento, para escrever, para se ir encher de moscas e
até mesmo voltar a puxar o caderno dele e ser eu a escrever.
Lembro-me do dia em que pela primeira vez me chamou de melhor amiga, lembro-me de o ajudar a fazer a lista de prendas de Natal, lembro-me do dia do meu aniversário e ainda
hoje quando visto a camisola que me ofereceu, me lembro de tudo o que passei
com ele durante aquele ano. Parece que foi uma eternidade. Lembro-me de ele
dizer para não ligar às suas amigas porque eram parvas, de dizer que a minha
opinião era importante para ele porque eu o compreendia sempre, o apoiava
quando achava que devia apoiar e o criticava quando tinha de criticar.
Lembro-me de ficar nervosa quando ele ia falar com o R., de o puxar com medo
que algo acontecesse, de ficar de mão dada com ele a dar força, de escrever
papéis com aquilo que ele me chamava só para o pôr a sorrir nos dias mais
complicados.
Sempre tive medo de o perder, e perdi. Todos nós erramos, eu errei, já o admiti e já pedi
desculpa, nada mais há a fazer. Tentei lutar pelo nosso passado, mas ele
mostrou-me que o melhor era eu desistir, e embora me custe, é o que tento fazer
todos os dias.
“Há pessoas que são especiais nas nossas vidas, outras são importantes, raríssimas,
indispensáveis, algumas fazem-nos felizes, muitas fazem-nos rir, outras
marcam-nos para toda a vida” Ele conseguiu ser tudo isso.
mag, dezembro de 2011